Embora os estudos ainda sejam escassos, a paternidade é um tema que vem merecendo atenção crescente nas últimas décadas, visto que o papel do pai tem se modificado visivelmente.

Luciana Castoldi, em sua tese de doutorado na área de Psicologia, faz um levantamento histórico das relações familiares, no mundo e no Brasil. Aborda também a visão psicológica sobre a figura paterna e analisa como está ocorrendo este processo de construção da paternidade, durante a gestação e ao longo do primeiro ano de vida do bebê, com exemplos de casais que tiveram seu primeiro filho.

Anthony Rotundo propõe a sua divisão em dois períodos principais: a Paternidade Patriarcal (de 1620 a 1800) e a Paternidade Moderna (de 1800 a 1970). Ele acrescenta um terceiro estilo, mais recente, denominado Paternidade Andrógena (de 1970 até o presente).

Paternidade Patriarcal
No período chamado de Paternidade Patriarcal, o pai representava a figura de poder na família. Sua autoridade era aceita com naturalidade no mundo agrícola em que vivia. A família era a unidade econômica maior, com o pai chefiando a produção e cada filho contribuindo ativamente, desde muito cedo, para a sobrevivência familiar. Ao pai competia prover as necessidades físicas de todos os familiares, treinando-os para o trabalho. Também devia orientar o crescimento moral e espiritual das crianças, responsabilizando-se por todas as medidas disciplinares que julgasse necessárias. Cabia ao pai, ainda, a escolha dos casamentos de seus filhos.

Muitas mudanças de ideias e de condições de vida começassem a ocorrer em meados do século XVIII. Com o crescimento da população e o declínio da atividade agrícola, os filhos começaram seu deslocamento em direção às cidades, longe do controle dos pais.

O período vai de 1800 a 1880, refere-se à urbanização da classe média. Neste contexto, os pais tornaram-se provedores econômicos especializados, algumas vezes concorrentes dos próprios filhos mais velhos, deixando a casa para trabalhar e delegando às mulheres a administração da casa e a educação das crianças. Mas, embora tenham perdido muito da autoridade, os homens continuavam a agir como chefes da família.

Paternidade Moderna
Com a industrialização, nos séculos XIX e XX, teve início a Paternidade Moderna, que vai de 1880 até 1970. O trabalho fora de casa determinou duas condutas contraditórias nos pais: a ausência física e o envolvimento afetivo com a família. Enquanto um grupo de homens desenvolveu um novo tipo de relacionamento com seus filhos, expressando afeição, jogando e brincando com suas crianças, outro grupo de homens, ao afastarem-se de casa, delegaram totalmente os cuidados dos filhos e passaram a caracterizar o que se denominou de pais afetivamente ausentes.

Esta modalidade de paternidade continuou até as décadas de 30 e 40, anos marcados pela Grande Depressão e pela Segunda Guerra. Neste período, os homens perderam a sua mais importante função como pais – de provedor econômico, e as mães tornaram-se importante força de trabalho. A inflação e o desemprego elevaram muito a força de trabalho feminina, e a saída da mãe de dentro de casa determinou um novo funcionamento familiar, que vem se construindo até os dias de hoje.

De acordo com Luciana Castoldi, hoje sabemos que o pai ocupa um lugar especial na evolução psicológica dos seus filhos, desde antes do seu nascimento. Como refere Parke (1986), o pai é importante não só no que se refere aos vínculos emocionais, mas também ao desenvolvimento social, cognitivo e linguístico do filho. O autor entende que a participação do pai tem efeitos imediatos na interação pai-bebê, mas ressalta que as consequências da sua participação se prolongam ao longo de todo o futuro, imprimindo características que vão moldar todo o processo evolutivo.

Parke acredita que também o bebê influencia o pai, direcionando, orientando e regulando o seu comportamento em relação a ele. A família não deve mais ser entendida como uma unidade atomizada, com a mãe e o bebê de um lado e o pai de outro. Segundo Parke, é hora de se pensar a família como um sistema cujos elementos estão em relação dinâmica permanente, no qual as influências se dão em todas as direções.

Percebemos que as situações contextuais interferem na relação construída entre pais e filhos. E que, apesar das mudanças que acontecem frequentemente e da possível falta de tempo, é preciso investir na qualidade desse relacionamento, esse com certeza será o novo papel do Pai.

Fonte : Pastoral da Criança


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